sábado, 10 de outubro de 2015

UMA CARTA DE LONGE - 1



Com a letra tremida, Karlen afirma que jamais esperava ser levado a um disco voador, quando foi capturado por desconhecidos. Dentro da nave, duas criaturas extraterrestres eram o piloto e o copiloto, que se mantiveram em silêncio durante toda a viagem. Mas, ele pôde conversar com os dois humanos que o escoltaram a um camarote especial, onde ficou detido. A visão dos seres o atormentava, mas os dois jovens o mantiveram distraído e calmo. Eles tinham pouco mais de vinte anos, em 1984, e se consideravam alemães, embora ambos tivessem nascido na base secreta, localizada nos Andes. Ninguém podia imaginar como aquilo atingia Karlen. Ele temia russos ou israelenses, mas foi caçado por seu próprio povo. Além do mais, ele nunca acreditou em discos voadores extraterrestres, muito menos em alienígenas. Só poderia ser um pesadelo! Mas, ele teve muito tempo para verificar que era a pura realidade. E, lá escoariam seu tempo, sua saúde, a alegria de ter uma família, além dos seus preciosos projetos.

A base atual, nos Andes, já era o segundo lugar onde viviam, aliens e humanos híbridos, cujos antepassados, um ano antes do fim da II GM, deixaram a Europa em submarinos e foram para a Antártica. Lá, havia a base 211, construída por várias levas de trabalhadores, desde que foi demarcada, em 1939. De 1944 em diante, eles se valeram de carregamentos de alguns navios afundados, reunidos nas ilhas Principe Eduardo, da África do Sul, para sobreviver nos primeiros anos. Mas, foram atacados pelos americanos em duas oportunidades. Na primeira, rechaçaram os atacantes. Em 1947, uma força tarefa de vários países avançaram pela Antártica em busca de remanescentes nazistas. Era a Operação Hightjump, comandada pelo almirante Byrd.




 Mas, na segunda, foram atingidos por um artefato nuclear, o incidente “Vela”, e foram expulsos de lá. Os sobreviventes, com o material salvado, tiveram que se mudar para o novo local que vinha sendo preparado desde o final da guerra. Alguns anos depois, graças ao projeto Huemul da Argentina, eles puderam construir a sua usina de fusão nuclear, da qual tiraram a energia necessária para a produção das naves mais modernas, e para uma grande prosperidade, com boas perspectivas para os planos de expansão demográfica e territorial.

O avô sobrevivera por cinco anos em uma prisão sem janelas nem muros, nunca mais viu a luz do Sol. Essas condições desumanas haviam prejudicado sua saúde, já enfraquecida pela idade octogenária, mas ele cavou a chance de tentar aquela correspondência, driblando a rigorosa segurança dos seus algozes. Duas revelações dramáticas motivaram-no: ele fora abduzido por áliens, com disco voador, e; mesmo sem esperança de se reverem, poderiam salvar o mundo!


O motivo de sua abdução, era ele colaborar com um programa de aumento da frota de discos voadores. Ele teve acesso aos números da base e às suas potencialidades, o que significa que nunca seria libertado. O general Kammler, que Karlen conheceu durante a 2ª guerra mundial, foi quem determinou a sua detenção, e ainda fez questão de usar o elevador da nave, para ir encontrar o conterrâneo no camarote, e recebê-lo com cerimônia, antes que desembarcassem.


Com 83 anos, o general era um velho horroroso, muito pálido e de movimentos lentos. Nada mais lembrava o oficial enérgico, responsável por Peenemünde. Aliás, não durou muito, poucos meses depois ficou acamado e veio a falecer. O general explicou que todo o mercúrio levitador produzido, com a máquina que Karlen construiu, para as experiências com o Sino, foi retirado da Alemanha, a salvo da ocupação aliada. Porém, a máquina foi destruída pelos bombardeios.


A missão de Karlen na base era reconstruir a máquina de saturação de mercúrio e reprocessar o xerum das naves avariadas. Ele foi localizado no Brasil, depois de ter sido reconhecido pelo serviço secreto israelense. Karlen não interessava aos judeus, mas um híbrido teve acesso às fotos de identificação, e ele foi associado pelo general Kammler à origem do material e a teoria que possibilitou a construção do Sino, em 1937.


O precioso metal líquido e o necessário material radiotivo, todo xerum que conseguiram juntar nas oficinas do complexo Gigante, nos subterrâneos da Silésia, foi embarcado no submarino U-859, com destino ao Japão. Nas ilhas Prince Eduard, da África do Sul, foram desembarcadas 29 ton daquele mercúrio, que estava preparado para os levitadores. Só as 12 ton restantes seguiram destino aos japoneses, mas nunca chegaram. Para a mesma ilha, também, foram desviadas as 1.500 ton de prata, que seriam embarcadas no navio John Barry, que dias depois foi afundado pelo U-859, o qual também naufragou, perseguido pelos ingleses. Esse material nobre serviria para construir os 20 pequenos Vril e 8 grandes Haunebu. Embora, atualmente algumas destas naves já estivessem inoperantes, precisando substituir o mercúrio, dos seus anéis levitadores.


Kammler e seus subordinados não sabiam que Karlen, também havia chegado ao Viktalen, um tecido que era eficiente para absorver as ondas de radar e a radioatividade do xerum. As naves deles, mais pesadas, usavam uma liga de metal leve, o “Leischmetall”, bastante eficiente para estrutura de vôo, mas de pequena capacidade de absorver ondas de radar e radiações. Karlen, por outro lado, nunca pode chegar à turbina centrífuga repulsin. Ele não dispunha de propulsão horizontal, nem radar ativo de busca, muito menos armamentos.


A tinta anti-reflexo de Lenk foi muito útil para desvendar os segredos da antigravidade, mas ela não era eficiente para absorver as ondas de radar, nem para reter a matéria escura. A malha de xerum polarizado, de Karlen, obtida por rotação eletromagnética era melhor. Ela permitia a retenção da matéria escura, de modo a manter a saturação de etéreo por séculos. A radiação produzida pela força centrífuga, que podia escapar, resumia-se praticamente à luminosa.


A tinta de Lenk não impedia que partículas radiotivas emanassem do xerum, degradando-o a outro elemento químico, como o Uup 115 e fazendo dimunir a saturação de etéreo, ainda mais no caso do mercúrio, mais poderoso que a água. Por isso muitas naves alienígenas causaram queimaduras e mortes, pelos efeitos radiotivos, e haviam perdido a capacidade de levitar.





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