sexta-feira, 16 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE 1963 - 2




A aparência da água super leve é a de névoa grossa, de cor leitosa, seca, e ainda não levita. Seu peso é um pouco maior que o do ar. Dentro de um balão de látex, revestido de nitrato de prata e xerum, ela flutua ao ser tocada, e cai bem devagar. O revestimento, que deixa o balão espelhado, impede a perda do etéreo. Mas, sendo um fraco isolamento, o peso e a aparência normais da água voltam em alguns dias. Ao ser exposta ao ambiente, sem  a barreira de xerum, a névoa se transformará em água normal borbulhando, imediatamente.

Era difícil imaginar para que serviria um balão com água, que flutua como se fosse bolinha de sabão, aparentando metálico, a não ser para diversão de crianças. Um brinquedo caro demais, para qualquer pai permitir que seu filho venha a conhecer, e queira pedi-lo no Natal. Era algo tão difícil de se obter, e ser desperdiçado em um balão de látex, era doloroso demais. Mas, foi assim que Karlen descobriu a sua aplicação mais útil: a possibilidade de agir contra a gravidade, apenas centrifugando aquela água encharcada de etéreo. Em um carrossel, com seu sobrinho, o cientista curioso observou que o balão, girando, também fazia força para cima, e não só para longe do eixo, como seria normal esperar.


Explicando melhor: O líquido saturado de etéreo, mesmo isolado, atrai o pouco de matéria escura que existe na atmosfera. A força centrífuga, agindo sobre esse volume atraído, faz com que se movimente para fora, atraindo mais matéria escura, das camadas mais altas para baixo. Esse turbilhonamento vai sobrecarregar a gravidade ao redor, e criar um empuxo anti-gravitacional no centro do seu eixo. Com a descoberta, Karlen fica eufórico na hora, mas pensando melhor, resiste ao desejo de divulgá-la. Ele sabe que precisava se controlar. Com os rumores de guerra iminente ficando mais fortes a cada dia, o melhor era ser discreto, e só mostrar o jogo quando tivesse feito os estudos completos.


Quando refez a experiência de 1914, em 1936, Karlen leva para o local alguns litros de mercúrio, por curiosidade, e mal pôde se conter diante dos resultados. Aparentemente, não haveria outra vantagem além do menor volume, já que o metal líquido é mais denso que a água. Porém, isso foi só até o dia em que utilizou uma centrífuga sobre uma balança para medir a força levitadora. Karlen colocou um mililitro de mercúrio saturado nos tubos de ensaio. Esse dispositivo, com um pequeno motor elétrico, e menos de 30Cm de diâmetro, quase se desprendeu dos parafusos que o fixavam à bancada. Ele teve que desligá-lo, para não vê-lo destruído pela enorme energia armazenada.


Abaixo de 900 rpm, a proporção de levitação é a mesma da água, um litro do mercúrio leve, pesando 260g, pode elevar 13 Kg. Ele é um líquido violeta, até recuperar a sua cor prateada, em seguida que é exposto. Mas, ao ser centrifugado acima dos 1000 rpm, ele se torna vermelho incandescente, e tende a um desempenho excepcional, sendo muito difícil de controlar. Com a radioatividade, e interferência eletromagnética, observadas, Karlen resolveu abandonar as experiências. Aquilo era perigoso demais, era algo só indicado para para ficção científica.Seria muito mais adequado iniciar o desenvolvimento de projetos de levitadores, baseado unicamente na água saturada de etéreo.


Quando achou que estava com os testes avançados, Karlen apresentou um relatório, descrevendo o fenômeno e sua teoria. Mas, com a pressa, não houve tempo, nem espaço, para explicar como chegou aos resultados. Dizia apenas que tinha observado a levitação anti-gravitacional, e desenvolvera um tipo de máquina que poderia voar, funcionando com água e xerum. Diante de alguns técnicos, além do próprio Himmler, ele improvisou uma demonstração com um ventilador elétrico transformado em helicóptero. Em vez das pás, uma mangueira em espiral, cheia de água leve, seria o instrumento que elevaria a engenhoca, girando graças ao motor do ventilador. Deu certo, mas não impressionou mais do qualquer truque escolar, em uma feira de ciências. Ela flutuava baixo, deslizando quase encostada no piso e sem direção. Alguém zombou, dizendo que um Zepelim ainda era mais interessante.


Karlen argumentou que aquela máquina poderia ser aperfeiçoada, e ainda havia a possibilidade de se viabilizar a utilização de outro tipo com mercúrio, desde que viessem a ser criados os mecanismos de controle e proteção. A resposta foi dura, era para esquecer a levitação e se dedicar à tinta anti-reflexo de radar. Sua invenção não foi considerada importante, e recebeu baixa prioridade de implementação. De qualquer maneira, ficaram interessados no mercúrio leve e encomendaram uma máquina que o produzisse para futuras experiências. Alguém pisou na bola!


 Valendo-se de uma antiga forja para tubos de canhão, ele desenvolveu em poucos meses, uma poderosa prensa hidráulica rotativa capaz de saturar, a cada ciclo, uma pequena quantidade de mercúrio etéreo. Funcionando ininterruptamente por um mês, ela utilizaria 39 Ton de mercúrio, que poderia se recuperar, em 10 dias, e produziria 60 litros de mercúrio saturado, pesando só 15,6 Kg.


Ele acompanhou o embarque dela, depois de pronta, em um vagão especial, e nunca mais a viu.


A resina com xerum polarizado dissolvido, usada no isolamento do etéreo nos componentes da máquina, era justamente o que permitia a produção de um mercúrio saturado, com a máxima capacidade de levitação. Infelizmente, Karlen não conseguiu a desejada invisibilidade ao radar, nem o isolamento da radiação. Ele havia desistido da tinta anti-reflexo e informou a Himmler.


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