terça-feira, 20 de outubro de 2015

COMEÇO DE JOGO



1970 - 21 de junho. No Estádio Azteca na Cidade do México, com um público estimado em 108.000 pessoas, o primeiro tempo terminou empatado em 1 a 1. Ao final dos 90 minutos, o placar era de 4 a 1 para a equipe brasileira. O capitão Carlos Alberto Torres ergue a Taça Jules Rimet, entregue à equipe tricampeã, definitivamente. No sofá da sala, em Farroupilha, diante da TV explodindo, Érica dá à luz mais um futuro craque. Na semana seguinte, ela o registra, pai não declarado, e o deixa aos cuidados da avó. Naquela comunidade atrasada, sem família influente, ela não teria mais chances. O futuro a esperava bem longe dali! E, se foi...

                                                                    O pontapé inicial

Apesar de nunca ter sido o craque que se previa, Carlos Alberto, o Silva, também gostava de futebol, sem nem ao menos participar das peladas. A cada novo time que se formava, e ele era convocado, já ia logo avisando que não jogava nada. Mas, o pessoal dizia: né nada, o jogo é só de brincadeira, aqui ninguém joga mesmo. Lá ia, o Carlos Alberto! Dali a pouquinho, alguém lhe chamava: É, tá bom! Vai descansar, fica lá no banco, deixa outro entrar...

1989 - 21 de junho. Carlos Alberto Silva, pelo menos, não é só mais peladeiro de várzea. Ele é também um jovem habilidoso, que vive em uma chacrinha, na Serra Gaúcha. Além de produzir hortaliças para ajudar a vó, Lorena, ele garante uma pequena renda extra, na velha oficina, ao lado da casa, onde o avô trabalhava... até cinco anos atrás quando desapareceu sem pistas. Já que não havia explicação oficial, palpites eram incontáveis. Qualquer coisa era possível. Desde fugir com alguma pistoleira, ter caído em um buraco e morrido, capturado pela Mossad, até ter enjoado daquele lugar e, abandonando todos, ter ido buscar seu passado. Quem sabe?

Não bastasse isso, quando Carlos tinha 16 anos, um outro fato estranho acabou mudando sua vida. Aconteceu em um acampamento, desses que as escolas fazem no final do ano letivo. Um tumulto durante a noite causou pânico entre os alunos, e uma colega ficou horas desaparecida. Quando foi encontrada, ela parecia muito perturbada. Exames verificaram mais tarde que ela esteve grávida. Na polícia, ela afirma que foi capturada, por desconhecidos, mas depois ficou inconsciente. Ela nunca soube que estava grávida, ainda mais, que havia perdido o seu bebê.

Entre amigos, ela desabafou que havia duas criaturas tipo extraterrestres além de um casal de humanos, aonde ela foi levada. Com essa história, Carlos fica obcecado pela ideia de que o avô também fora abduzido, após algum contato imediato, e, desde então, passou a estudar casos de avistamentos de óvnis, e incidentes com alienígenas...

… Porém, não ao ponto de prejudicar o curso de mecânico, que concluiria no final daquele ano. Ele teve pouco contato com o avô, mas herdou a oficina bem montada, onde já consertava as motos dos amigos, para ir treinando. Além disso, o velho Arno deixou equipamento e apostilas de montanhismo. Carlos pôde algumas vezes participar de escaladas com o avô, com colegas e até servir de guia para os turistas de primeira viagem, que são comuns no local.

Região montanhosa, com inúmeras vias para alpinistas e exploradores de cavernas, a linha Müller, onde eles viviam, era pertinho de um ponto turístico dos mais conhecidos do Brasil, o Salto do Ventoso. Os visitantes buscam a região, por aventuras, boa comida e bebida. Muitos vêm de motos, algumas grandes, cheios de equipamentos e vaidades com suas performances. Carlos aprendeu muito compartilhando relatos que ouvia dos forasteiros e conhecendo as suas máquinas incríveis. O local não é muito agitado sempre, mas tem seus dias de grandes feitos.




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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

PRESENTE DO ALÉM


O avô de Carlos tinha montado uma pequena oficina mecânica em 1964, que foi substituída por outra maior em 1984, dois meses antes de desaparecer. Carlos ajudou a instalar as máquinas e dispor as ferramentas nos armários. O novo galpão era bem grande, mas ainda tinha um segundo piso com um espaço enorme sob o telhado. A estrutura era reforçada, daria para colocar um carro lá em cima, embora não houvesse como. O único acesso era com uma escada de eletricista por um alçapão.

                                                    A bola na marca do pênalti


Carlos acabou mesmo sendo perito na terminologia do campo. O cara era bom de bola! Vestia a camiseta e largava bem! Cada frase do craque tinha alguma expressão futebolística!



Um dia, chegou pelo correio, como encomenda, uma antiga coleção de livros de aprendizagem da língua alemã, que era do seu avô. O remetente era desconhecido, e a postagem foi feita em Porto Alegre, poucos dias antes. Entre as folhas, tinha um bilhetinho do avô, onde se lia: Para Carlinhos, quando fizer 19 anos. "Boa sorte nos estudos, com meus livros, e não te esqueças do meu velho caderno." E, terminava com: Farroupilha, 05 de Maio de 1980.


Havia também um cartão bancário, recente, e ainda na validade, com a senha anotada em um papelzinho. A tal conta estava no nome de Carlos Alberto da Silva. Porém, não havia nenhuma informação importante. Talvez, porque fosse bem anterior ao sumiço do velho. O mais curioso, é que parecia haver um código, nas associações de fatos do passado, que Carlos fazia, com as frases de um dos livros. Seguindo estas pistas, ele acabou encontrando, na base de uma das máquinas da oficina, um relatório escondido que foi datilografado pelo avô, e datado em 1963.


Junto com o relatório havia uma carta do avô, escrita alguns dias antes, de não ser mais visto, onde diz que desconfiava estar sendo seguido, e que pressentia que seria levado embora, sem aviso. Só não sabia se eram russos ou israelenses, suas maiores suspeitas. Declarando o seu amor, por aquela família que ele considerava a sua própria, pede que não o procurem pois era perigoso demais; e, tenham cuidado com as informações daquele relatório. Ele mesmo queria poder usá-las pessoalmente, no melhor momento possível. Mas, se Carlos estava lendo aquela carta, é porque tal oportunidade não havia surgido. Então, desejava que fossem felizes, ainda que sem ele presente. Pedia desculpas por não ter se despedido, pois não queria assustá-los, e torcia que tivessem sorte. Ele havia juntado algum dinheiro como sua aposentadoria, para o netinho, Carlos. Além disso, deixava o relatório com todos os direitos, pois acreditava ser justo que o resultado de anos de pesquisa fosse aproveitado, em vez de desperdiçado.


Linha de fundo, Carlos entra no jogo para fazer a cobrança do escanteio, a bola quica na área.


Carlos sabia que Arno Lichtener, casou já velho com sua vó, Lorena Silva, e não era seu avô de verdade, como muitos pensavam. Mas, Arno tem outro nome no relatório, Karlen. Não nascera em Feliz, como constava na sua carteira de identidade. Ele veio da Alemanha Oriental, fugitivo do regime comunista, para o qual trabalhava em função técnica importante. Talvez tivesse um interesse de vender informações aos americanos. Talvez fosse implicado com os prisioneiros de campos de concentração nazistas, e ficasse clandestino para não ser perseguido.




domingo, 18 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE 1963 - 1



Junto com o velho relatório datilografado, havia uma carta do avô, escrita a mão alguns dias antes, de não ser mais visto. Ele diz que desconfiava estar sendo seguido, e pressentia que seria levado embora, sem aviso. Só não sabia se eram russos ou israelenses, suas maiores suspeitas. Declarando que amava aquela família, como se fosse a sua própria, ele pede que não o procurem pois era perigoso demais; e, tenham cuidado com as informações daquele relatório.

Ele mesmo queria poder usá-las pessoalmente, no melhor momento possível. Mas, se Carlos estava lendo aquela carta, é porque tal oportunidade não havia surgido. Então, pedia desculpas por não ter se despedido, pois não queria assustá-los, desejando que fossem felizes, ainda que sem ele presente. Ele havia juntado, durante anos, algum dinheiro para prover a sua aposentadoria, e agora deixava tudo para o netinho, Carlos.


 Karlen explica que seu sobrenome foi criado no Brasil, derivado de um dialeto germânico que veio com imigrantes, em 1824. Seu avô foi, a negócios, para Alemanha em 1895, levando sua família, e não voltou. Uma de suas filhas é a mãe de Karlen. Eles sempre falavam português, em casa. No ano de 1934, trabalhando no Zepelim, Karlen pode visitar seus antepassados na cidade de Feliz, e, nessa ocasião, desbravando o Itaimbezinho, descobriu uma imensa caverna.


Quando Karlen tinha 10 anos, em 1917, o pai que era alemão e mecânico, foi ferido e morreu durante um movimento motorizado de suprimentos, na 1ª guerra mundial. A partir daí, a mãe e os avós é que passaram a lutar para sobreviver com as 3 crianças, em um país desmoralizado  pela derrota. As irmãs mais velhas tiveram que trabalhar cedo, e só Karlen é que pôde fazer faculdade.


Em 1935, já engenheiro, foi convocado como inspetor de material bélico do Reich, e recebeu um lote de salvados trazido pelos japoneses das antigas colônias alemãs no Pacífico. Os artefatos eram inúteis como peças ou conjuntos, pois estavam queimados, retorcidos ou contaminados, e permaneceram por anos, esquecidos em um depósito isolado. Por certo, só serviriam para ser derretidos como sucata, se não fosse um bilhete de Himmler, que foi entregue a Karlen, no qual eram recomendadas as 32 minas marítimas, com pintura tóxica, que já havia causado uma morte.


Na faculdade, o professor Lenk esclareceu que o agente corrosivo, externamente nas esferas, é uma tinta radioativa feita com o Xerum 525: um mineral trazido do Tibet, com uma estranha propriedade. Absorve as radiações eletromagnéticas! Ou seja, não reflete ondas de radar! Os rastreadores de metal baseados nas teorias de Hertz, podiam detectar navios à distância, e vinham sendo aperfeiçoados por vários países, desde antes da 1ª guerra mundial. Uma capa de invisibilidade contra o radar, seria uma excelente contramedida que poderia dar enorme vantagem em um contexto de guerra. Agora, voltado para o armamentismo, Himmler queria aeronaves revestidas de xerum, não detectáveis por Radar.


Em 1914, percebendo o fenômeno, o professor havia desenvolvido a tinta especial e pretendia testá-la junto com aquelas minas, quando o navio que as conduzia foi posto a pique, surpreendido pelo início da guerra. No primeiro ano, o inimigo havia tomado dos alemães as ilhas Carolinas e as Marianas. As esferas de aço, sem explosivos, pois eram experimentais, com o naufrágio, afundaram 11 Km, devido ao lastro de água com que foram preenchidas. Só foram recolhidas pela marinha japonesa, em 1917, depois que uma bóia sinalizadora de emergência foi localizada.


Por outro lado, Karlen chegaria a um novo fenômeno em que o xerum era apenas coadjuvante. Com a formidável pressão no abismo marítimo, houve um esmagamento das minas, que tinham vinte pontas ocas, cada uma. As esferas se transformaram em icosaedros, e parte da água que estava dentro delas escapou para as pontas. Um percussor cônico e sua forte mola, em cada uma delas, impediu a volta da água que havia se infiltrado. Metódico, como um bom engenheiro deve ser, Karlen analisou todo o material, constatando algo inacreditável. Um litro da água, na esfera, estava pesando 1.020 gramas; e, em cada ponta, um litro de água pesava apenas 20 gramas. Como? Com certeza!


Sem repassar esta informação, Karlen voltou ao mesmo local no Pacífico, em 1936, para uma nova experiência, autorizado por Lenk. A fossa Mariana, conhecida desde 1876, é o local mais profundo dos oceanos e ideal para uma simulada pesca de monstros abissais. Karlen passou cinco semanas, algumas abaixo de mau tempo, testando a capacidade anti-reflexiva de uma resina impregnada de xerum, com polaridade controlada, substituindo a tinta antiga de Lenk. Para isso, contava com um moderno radar de submarino. Entretanto, por conta própria, ele investigava também o fenômeno daquela água sem peso, que foi repetido com sucesso, e pode ainda, produzir mais de 5 mil litros dessa água para novas experiências.




Uma teoria razoável é a que, o xerum, não só absorve as ondas que se refletiriam de volta ao radar, como também é impermeável a algo que, parece sair da água quando levada a grande profundidade, e a torna mais pesada. Esse algo, somando-se à outra água, vai torná-la mais leve. É coerente com o fato de tudo ficar mais leve quanto mais se afasta da superfície da Terra. Na década de 30, Karlen só podia especular, mas em 63, tendo participado do projeto Sputinik, teve certeza que no espaço as coisas não têm peso, e se dispersam como se estivessem em um vácuo. Seu chute havia sido preciso, e foi um belo gol! Tem uns e outros por aí que não jogam nada e querem massagista. Eu, hein!

Além dos antigos filósofos gregos, alguns cientistas já cogitavam naquela época, 1936, que um fluído cósmico preenche a maior parte do universo. E, depois de Einstein, começaram a conjecturar que este fluido provoca a expansão da matéria (como nós conhecemos), com uma força variável que se opõe à da gravidade, e passaram a chamá-lo de matéria escura (ou invisível). Karlen acreditava que foi isso que saiu da água mais pesada, 980 litros, e encharcou a mais leve, só 20 litros. Interessante, foi saber que esse fluido podia ser isolado a ponto de quase neutralizar a gravidade, e denominou-o “ätherisch” ou etéreo. O avô de Carlos agora era o dono da bola! O tiro de meta poderia ser dele, e a gorduchinha iria atravessar o campo todo, inflada de etéreo. Nada teria maior interesse que a preponderância dessa bolada. Karlen ia virar o jogo a seu favor! Depois disso, é só bola pra frente. Pode chutar. É gol!


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sábado, 17 de outubro de 2015

KARLEN LICHTENER



Quando Karlen tinha 10 anos, em 1917, o pai que era alemão e mecânico, Hans Jürgen Stell, morreu durante um movimento motorizado de suprimentos, na 1ª guerra mundial. A partir daí, a mãe, Clara e os avós, brasileiros, é que passaram a lutar pela sobrevivência junto com as crianças, em um país que foi desmoralizado e destruído  pela derrota, e o povo já passava fome há anos devido a guerra.





sexta-feira, 16 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE 1963 - 2




A aparência da água super leve é a de névoa grossa, de cor leitosa, seca, e ainda não levita. Seu peso é um pouco maior que o do ar. Dentro de um balão de látex, revestido de nitrato de prata e xerum, ela flutua ao ser tocada, e cai bem devagar. O revestimento, que deixa o balão espelhado, impede a perda do etéreo. Mas, sendo um fraco isolamento, o peso e a aparência normais da água voltam em alguns dias. Ao ser exposta ao ambiente, sem  a barreira de xerum, a névoa se transformará em água normal borbulhando, imediatamente.

Era difícil imaginar para que serviria um balão com água, que flutua como se fosse bolinha de sabão, aparentando metálico, a não ser para diversão de crianças. Um brinquedo caro demais, para qualquer pai permitir que seu filho venha a conhecer, e queira pedi-lo no Natal. Era algo tão difícil de se obter, e ser desperdiçado em um balão de látex, era doloroso demais. Mas, foi assim que Karlen descobriu a sua aplicação mais útil: a possibilidade de agir contra a gravidade, apenas centrifugando aquela água encharcada de etéreo. Em um carrossel, com seu sobrinho, o cientista curioso observou que o balão, girando, também fazia força para cima, e não só para longe do eixo, como seria normal esperar.


Explicando melhor: O líquido saturado de etéreo, mesmo isolado, atrai o pouco de matéria escura que existe na atmosfera. A força centrífuga, agindo sobre esse volume atraído, faz com que se movimente para fora, atraindo mais matéria escura, das camadas mais altas para baixo. Esse turbilhonamento vai sobrecarregar a gravidade ao redor, e criar um empuxo anti-gravitacional no centro do seu eixo. Com a descoberta, Karlen fica eufórico na hora, mas pensando melhor, resiste ao desejo de divulgá-la. Ele sabe que precisava se controlar. Com os rumores de guerra iminente ficando mais fortes a cada dia, o melhor era ser discreto, e só mostrar o jogo quando tivesse feito os estudos completos.


Quando refez a experiência de 1914, em 1936, Karlen leva para o local alguns litros de mercúrio, por curiosidade, e mal pôde se conter diante dos resultados. Aparentemente, não haveria outra vantagem além do menor volume, já que o metal líquido é mais denso que a água. Porém, isso foi só até o dia em que utilizou uma centrífuga sobre uma balança para medir a força levitadora. Karlen colocou um mililitro de mercúrio saturado nos tubos de ensaio. Esse dispositivo, com um pequeno motor elétrico, e menos de 30Cm de diâmetro, quase se desprendeu dos parafusos que o fixavam à bancada. Ele teve que desligá-lo, para não vê-lo destruído pela enorme energia armazenada.


Abaixo de 900 rpm, a proporção de levitação é a mesma da água, um litro do mercúrio leve, pesando 260g, pode elevar 13 Kg. Ele é um líquido violeta, até recuperar a sua cor prateada, em seguida que é exposto. Mas, ao ser centrifugado acima dos 1000 rpm, ele se torna vermelho incandescente, e tende a um desempenho excepcional, sendo muito difícil de controlar. Com a radioatividade, e interferência eletromagnética, observadas, Karlen resolveu abandonar as experiências. Aquilo era perigoso demais, era algo só indicado para para ficção científica.Seria muito mais adequado iniciar o desenvolvimento de projetos de levitadores, baseado unicamente na água saturada de etéreo.


Quando achou que estava com os testes avançados, Karlen apresentou um relatório, descrevendo o fenômeno e sua teoria. Mas, com a pressa, não houve tempo, nem espaço, para explicar como chegou aos resultados. Dizia apenas que tinha observado a levitação anti-gravitacional, e desenvolvera um tipo de máquina que poderia voar, funcionando com água e xerum. Diante de alguns técnicos, além do próprio Himmler, ele improvisou uma demonstração com um ventilador elétrico transformado em helicóptero. Em vez das pás, uma mangueira em espiral, cheia de água leve, seria o instrumento que elevaria a engenhoca, girando graças ao motor do ventilador. Deu certo, mas não impressionou mais do qualquer truque escolar, em uma feira de ciências. Ela flutuava baixo, deslizando quase encostada no piso e sem direção. Alguém zombou, dizendo que um Zepelim ainda era mais interessante.


Karlen argumentou que aquela máquina poderia ser aperfeiçoada, e ainda havia a possibilidade de se viabilizar a utilização de outro tipo com mercúrio, desde que viessem a ser criados os mecanismos de controle e proteção. A resposta foi dura, era para esquecer a levitação e se dedicar à tinta anti-reflexo de radar. Sua invenção não foi considerada importante, e recebeu baixa prioridade de implementação. De qualquer maneira, ficaram interessados no mercúrio leve e encomendaram uma máquina que o produzisse para futuras experiências. Alguém pisou na bola!


 Valendo-se de uma antiga forja para tubos de canhão, ele desenvolveu em poucos meses, uma poderosa prensa hidráulica rotativa capaz de saturar, a cada ciclo, uma pequena quantidade de mercúrio etéreo. Funcionando ininterruptamente por um mês, ela utilizaria 39 Ton de mercúrio, que poderia se recuperar, em 10 dias, e produziria 60 litros de mercúrio saturado, pesando só 15,6 Kg.


Ele acompanhou o embarque dela, depois de pronta, em um vagão especial, e nunca mais a viu.


A resina com xerum polarizado dissolvido, usada no isolamento do etéreo nos componentes da máquina, era justamente o que permitia a produção de um mercúrio saturado, com a máxima capacidade de levitação. Infelizmente, Karlen não conseguiu a desejada invisibilidade ao radar, nem o isolamento da radiação. Ele havia desistido da tinta anti-reflexo e informou a Himmler.


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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE 1963 - 3



Em 1937, chegou uma convocação para Karlen. Ele recebia um salvo conduto numerado, sem nome. E, não havia menção sobre o motivo. O sargento da SS, que portava o documento, só andiantou que era uma reunião de cientistas. Lenk desconfiou que o assunto fosse a tinta anti-reflexo, que Karlen tivesse desenvolvido sem o conhecimento dele. Com as explicações de que o problema da radiação ainda não fora resolvido, Lenk presumiu, então, que poderia se tratar de alguma nova aplicação para a tecnologia do xerum. E, ficou furioso! Mas, disfarçou... Muito controlado, disse apenas que ele mesmo iria, pois tudo que se referia ao xerum, era única e exclusiva atribuição sua, a qual lhe fora delegada oficialmente. E, lá se foi ele levando toda a correspondência de Karlen. Lenk jamais foi visto na faculdade, e os comentários eram que ele havia sido designado para permanecer no local onde se realizavam projetos especiais.



A má notícia de Karlen sobre a tinta anti-reflexo, somada à opinião pessimista de Lenk, volta como ofício ao reitor, 15 dias depois da convocação, afastando Karlen do grupo de cientistas, e informando que ele seria designado para outras missões, nas fábricas. Sem ordem alguma, ele fez suas malas e se apresentou na Junkers, onde havia uma enorme demanda de Stukas. Ele foi muito bem recebido, por seus antigos colegas, pois havia muito trabalho a ser feito.

Em segredo, continuou suas experiências para o levitador. O primeiro protótipo que funcionou bem, usando a água leve e a nova resina, era feito com uma base de ferro, em forma de tripé, com um motor elétrico de enceradeira, ligado por uma extensão ao reostato na sua mão, e dali à tomada. Voltado para cima, um eixo girava duas cestas de arame, com uma mangueira cada, enroladas em espiral, contendo 5L de água leve. O conjunto, antes do reostato, pesava 3,6 Kg. A 100 rpm, nada! A 300 rpm, o aparelho ficou muito leve, podia levantá-lo com um dedo. Não fazia vento, nem qualquer tipo de pressão que se pudesse sentir. A 400 rpm, ele começou a se elevar, flutuando livremente. Então, a partir de 500 rpm, já havia força suficiente para decolar, atingindo muito rápido os 75 metros de cabo elétrico, que se dispunha para a experiência. Era mais água leve e maior a rotação, por isso o resultado foi melhor que na demonstração, dois anos antes. O reostato mais sensível do dispositivo contribuiu o funcionamento razoável.


Em 1938, Karlen ouviu falar de um experimento realizado na Silésia, que foi chamado die Glocke ou “Sino”. Diziam que era um tipo de aeronave não tripulada. As pessoas que estavam no local não conheciam o seu princípio de funcionamento, nem quem a projetou. Cada um se limitava à sua especialidade, eram técnicos em navegação, química, fuselagem, eletricidade, refrigeração, comunicações, etc. Sabiam apenas que um programa rudimentar tipo fonógrafo, permitia decolar, planar e aterrizar durante o teste. Rumores afirmavam que um componente radioativo, foi mal controlado, causando a morte de 60 cientistas. Podia ser fantasia, mas faria sentido se alguém estivesse trabalhando com o mercúrio etéreo, sem se preocupar com riscos.


Nos anos finais da guerra foram construídas grandes instalações subterrâneas, espalhadas pela Alemanha e países fronteiriços que foram anexados. Uma delas, conhecida como “Der Riese”, o Gigante, sob o Castelo de Ksiaz, designado para ser o novo Quartel General de Hitler, estavam aparelhadas com equipamentos industriais e ferrovia, prontas para construir as grandes naves discóides. O “Sino” teria sido construído dentro dessas instalações e testado nas proximidades, quando um desastre ocorreu, devido ao rompimento de um dos discos com mercúrio.


O projeto foi coordenado por Jakob Sporrenberg e executado pela equipe do General Kammler. Ambos desapareceram após a guerra, e nunca mais se teve notícia deles. Supõe-se que o Sino tenha sido destruído pelos Nazistas. Mas, especulam que o dispositivo, ou um novo modelo, foi capturado por americanos, pois houve um incidente em Kecksburg/EUA, com avistamentos por  várias testemunhas, do vôo e queda de um objeto semelhante, que teria sido recuperado pelos militares, em 1957. Há ainda quem acredite que essa tecnologia foi levada na fuga de alemães para a América do Sul. Era mais provável que fosse um projeto fracassado, e cancelado, mas depois desse evento, surgiram fuxicos sobre discos-voadores alemães (Reichsflugscheiben). A euforia da guerra havia criado muita expectativa sobre o assunto. Os especuladores previam naves maravilhosas, a voar pela futura Germânia. Fotos e desenhos mostram suas aparências.


Entre 1938 e 1942, Karlen vai trabalhar em diversas fábricas de material civil. Sua experiência de aviação, na Junkers, Lufthansa e Zeppelin, por algum motivo, já era tão apreciada.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A NAVE DE KARLEN



Com 5 metros e 300 Kg, ela não tem propulsores. Um motor 2T a gasolina, em cada lateral, gira um dos anéis sobrepostos, que a faz flutuar ou elevar-se. A estrutura metálica externa, lembra a de uma roda gigante, na horizontal. No centro, vê-se a cúpula de acrílico espelhado da cabina, que fica dentro de um monobloco articulável, de alumínio. A Kleine não tem blindagem, e sua estrutura externa, composta de perfis trapezoidais, é revestida de um tecido plástico, como o usado no Zeppelin, que se chama Viktalen. Na circunferência mais exterior, como para-choque, e na base que se assenta no solo, como pedestal, estão colocadas espécies de bóias de borracha, como pneumáticos.

Depois do fracasso na demonstração do ventilador com água saturada, que não levitou muito bem, Karlen atendeu o pedido de Himmler para construir uma máquina de saturar mercúrio. Em seguida, ele foi convocado para uma reunião, da qual não se sabia o objetivo. Mas, considerando se tratar da tecnologia anti-radar, da qual era responsável, Lenk tomou o salvo conduto numerado e se apresentou no lugar de Karlen. Lenk nunca mais foi visto porque o evento que participou foi o teste inicial do dispositivo "Sino", e ocorreu o desastre que matou 60 técnicos e cientistas, entre eles o professor Braden Lenk. Neste ínterim, Karlen assumia sua incapacidade para desenvolver a tinta anti-radar. E, alguns dias depois, era afastado da universidade e esquecido.  



Em segredo, continuou suas experiências para o levitador. O primeiro protótipo que funcionou bem, usando a água leve e sua nova resina com xerum polarizado, continha muito mais água leve e alcançava uma maior a rotação. Isso só foi possível, com um resultado bem melhor que na demonstração, dois anos antes, graças a um reostato muito sensível que permitia controlar esse dispositivo de maior desempenho.

Em 1938, os rumores sobre o experimento realizado na Silésia, com o “Sino”. Deu a Karlen convicção sobre a morte de Lenk, mas ele acreditou que o desenvolvimento paralelo de naves com mercúrio fora interrompido. Um equívoco!


Nos anos finais da guerra foram construídas grandes instalações subterrâneas, espalhadas pela Alemanha e países fronteiriços que foram anexados. Uma delas, conhecida como “Der Riese”, o Gigante, sob o Castelo de Ksiaz, designado para ser o novo Quartel General de Hitler, estavam aparelhadas com equipamentos industriais e ferrovia, prontas para construir as grandes naves discóides. O “Sino” teria sido construído dentro dessas instalações e testado nas proximidades, quando um desastre ocorreu, devido ao rompimento de um dos discos com mercúrio.


As atividades com o Foo fighter, permitiram a Karlen aperfeiçoar as tecnologias de levitação, de navegação, e de detecção de alvos, além da estrutura mais adequada ao voo sem propulsão e sem sustentação aerodinâmica. Os cilindros giratórios de mercúrio dão grande desempenho ao artefato voador, surpreendendo mesmo os caças mais velozes a hélice.Eles produzem a luminescência que assustava tanto pilotos quantos atiradores, e ainda causavam grande interferência eletromagnética, que faziam as aeronaves se descontrolarem.


O Feuerkugel era uma estrutura esférica recoberta de chapas de aço, como blindagem contra tiros de metralhadoras. O seu navegador era rudimentar, apenas um cilindro fonográfico com uma agulha que podia ser mudada de posição. Eles estavam programados para decolar e, se houvesse som de motores, persegui-los. Quando a carga da bateria chegasse perto do fim, deveriam pousar. O sonar direcionava a aproximação até uma certa distância, mas desviava antes da colisão.



A estrutura metálica externa, lembra a de uma roda gigante, na horizontal. No centro, vê-se a cúpula de acrílico espelhado da cabina. Dentro dela, estão os equipamentos de navegação e de sobrevivência; e nos lados, dois motores de motocicleta. Ela levita porque a rotação dos anéis, com a água etérea, altera a gravidade. Ela não usa o mercúrio etéreo, porque é incontrolável e nocivo à saúde. Na circunferência mais exterior, como para-choque, e na base que se assenta no solo, como pedestal, estão colocadas espécies de bóias de borracha, como pneumáticos.


Com 5 metros e 300 Kg, ela não tem propulsores. O motor 2T a gasolina, em cada lateral, gira um dos anéis sobrepostos, que a faz flutuar ou elevar-se. O deslocamento para frente, e para trás, se consegue inclinando os anéis, em relação à cabina, que é pendular. Esta fica dentro de um monobloco articulável, de alumínio. A Kleine não tem blindagem, e sua estrutura externa, composta de perfis trapezoidais, é revestida de um tecido plástico, como o usado no Zeppelin, que se chama Viktalen. Ele dobrado, com xerum dentro, tem uma boa capacidade de absorver as ondas eletromagnéticas, ficando quase invisível ao radar. Além disso ele retém as partículas radioativas e diminui a luminescência, produzidas pelo xerum excitado.




terça-feira, 13 de outubro de 2015

RELATÓRIO DE 1963 - 4



Em 1941, a guerra já havia se espalhado pelo mundo. Hitler até gostava de armas modernas, mas as novas tecnologias não conseguiram o entusiasmo do alto escalão, nem muitos recursos para serem desenvolvidas. E, isso era razoável, a Blitzkrieg mostrava-se bem sucedida no começo. Enquanto a Alemanha avançava vitoriosa em território inimigo, não havia mesmo motivos para produzi-las. Mas, em 1943, sem as vitórias, pelo ar na Inglaterra e com blindados na Rússia, a história tomava um rumo desalentador. Von Paulus havia capitulado aos Russos, e os aliados recuperavam o Norte da África, ameaçando desembarcar na Itália.

Quando a sorte diminuia, não demorou muito para que se procurasse novas alternativas para evitar a derrota final. A conquista do espaço aéreo pelos aliados foi um duro golpe para os civis, nas cidades bombardeadas. Sem a força aérea, as fábricas também passaram a ser destruídas, diminuindo a capacidade alemã de prosseguir resistindo. Neste contexto, as esperanças de vitória, que muitos ainda cultivam, não tinham o menor fundamento, e grupos desesperados, começaram a buscar meios, para tentar tudo que fosse possível. Então, as super armas foram reconsideradas nos altos círculos do poder, e esforços individuais passaram a ser incentivados. Wernher von Braun estava na frente, com um bem preparado subsídio tecnológico e recebeu, não só as maiores receitas, mas toda a mão de obra que necessitasse. Com as suas V1 e V2, ele podia castigar a Inglaterra. Quem pede recebe, que se movimenta tem preferência! Time que está ganhando não se mexe.


As cavernas existentes e outras escavadas, começaram a receber os meios disponíveis para continuar a produção. De uma delas, Karlen pôde lançar os Foo fighter, que saíam em busca das aeronaves aliadas, causando confusão e mal funcionamento dos equipamentos elétricos, inclusive dos motores, e eventualmente se chocavam com elas, explodindo-as. Nessas bolas de fogo (Feuerkugel), já estavam funcionando a nova tecnologia de levitação com mercúrio. Os efeitos insalubres, agora, poderiam ser até úteis, já que eram direcionados contra o inimigo.


Karlen foi convocado por Kammler para bolar os Foo fighters e lhe forneceram meios suficientes para confeccionar 10 esferas. Elas poderiam levitar graças aos discos giratórios, e seguiriam as aeronaves pelo som dos motores, com sistema de navegação autônomo, que até poderia ser parecido com o do Sino. Elas tinham algum explosivo para autodestruição caso se chocassem ou fossem capturadas. E, seriam um ótimo laboratório de experiências, para o funcionamento de uma pequena aeronave, a Kleine, que Karlen planejava construir para uso próprio. Foram muitas horas de uso em situação real dos Foo fighter e oportunidades para fazer melhorias nos projetos.



A utilização ideal dos Foo fighter era contra bombardeiros com escolta, quando o inimigo tinha superioridade aérea, pois o levitador era atraído indiferentemente pelo ronco de qualquer tipo de motor. Era importante não haver esquadrilha amiga por perto. Quando as sirenes soavam, os Foo fighters decolavam à espera do inimigo. Assim que captassem os sons das aeronaves, precipitavam-se sobre elas, causando um enorme tumulto. Uma colisão seria o suficiente para derrubar um alvo, mas raramente acontecia, o objetivo não era esse. Um sensor de carga de bateria, os fazia aterrissar de volta, para serem reaproveitados. E, tá trocando as bolas, Tchê!

Durante sua estadia nas cavernas produzindo os Feuerkugel, chegaram alguns rolos de um tecido metalizado desenvolvido para as roupas de proteção aos técnicos que manuseavam xerum. O inventor se chamava Viktor Stell, o primo de Karlen. O produto era apenas plástico anti-radiação, mas era justo o que faltava para tornar viável o seu projeto. Por isso, em homenagem ao inventor, juntou os nomes para batizá-lo como Viktalen (Viktor+Karlen). Este produto fora desenvolvido inicialmente para os Zeppelins, e abandonado depois do desastre do Hindenburg. Com algumas modificações, ele vinha sendo testado sem sucesso para proteção contra os raio-x, mas se mostrou bastante eficiente para o xerum.


Já na iminência da invasão russa, com o caos tomando conta de tudo, Karlen preparava a sua  bóia salva-vidas. E, escondido em uma passagem secreta, foi juntando tudo que precisaria para montar ao menos uma aeronave. Por meses, ele havia reunido matéria prima para modelar as peças, conforme o seu projeto. Os artífices da fábrica de Feuerkugel as produziram sem saber o que eram. Quando as notícias do Exército Vermelho chegaram, Karlen bloqueou a passagem do seu depósito particular, e mandou destruir toda a linha de fabricação.


Todos abandonaram a caverna e a dinamitaram. Havia apenas uma entrada secreta na floresta acima, por onde poderia ter acesso às peças para montar a sua máquina voadora, mas deixou-a lá, para só retornar depois de 16 anos. Dias depois, Karlen se entregava, junto com Helmut Gröttrup e os demais professores da universidade local, ao comandante da tropa da vanguarda russa. Foram interrogados e, avaliados como potenciais colaboradores, sendo em seguida,  encaminhados para o coronel Korolev, em Moscou, em uma base de foguetes, recém-criada.


Em 1946, a China ocupou a região, onde havia o minério de xerum, que pertencia ao Tibet, e o local foi dinamitado para a construção de uma estrada nas montanhas, em substituição à trilha que existia antigamente. O próprio general Haushofer comunicou a Göttrup.



Em 1961, com 54 anos, Karlen ainda sonhava com as possibilidades do seu intento. O sucesso do Sputinik, pelo qual havia se dedicado junto com os outros alemães, lhes permitiu ganhar algumas recompensas do Kremlin. A mais importante foi a autorização para visitar sua Terra Natal. Karlen foi ver os parentes que viviam em Dresden, de onde podia sair à noite para ir à sua caverna secreta. Os 15 dias da primeira viagem, não foram suficientes para nada. Mas ao retornar, em 1962 e 1963, foi possível montar sua nave, que chamada de “Kleine” (pequena).

Durante anos, ele havia se preparado psicologicamente, com dinheiro, e informações para uma viagem, muito difícil, mesmo na década de 60, ainda mais clandestino, passando sobre radares e artilharia anti-aérea, de duas potências prontas para começar a 3ª guerra mundial. Mas, não seria nada fácil fazer tudo sozinho. Além do mais, demoraria meses para sobrevoar os Alpes, o Mediterrâneo, o Sahara, o Atlântico, e ainda atravessar o Brasil, em busca da caverna, aquela do Itaimbezinho. Então, poderia chegar a Feliz, para fazer contato com parentes, que lhe ofereceriam condições de se tornar uma nova pessoa, com outra vida pela frente.


 Treino é treino, jogo é jogo! Karlen precisava sair da retranca! Ele ficaria com o passe à venda. Mas, não podia pisar na bola. Devia driblar 1, 2, 3! Quem sabe os 11? Se tá dando bola! Futebol é bola na rede! Show de bola!


A decolagem com sua aeronave foi planejada para o período de festas, no final de Dezembro, e só foi possível realizar alguns testes no interior da caverna em que a Kleine ficou guardada e montada. A maior dificuldade, mesmo tendo dinheiro, foi comprar os 50 litros de gasolina, e transportá-los para a floresta, para entrar na caverna. Tudo era muito perigoso em um país ocupado, onde o serviço secreto era implacável e atirariam em qualquer um parecesse ser um traidor. Karlen seria apenas mais um dos técnicos proeminentes que tentavam desertar da União Soviética. Provavelmente, corrompido pelas tentações do capitalismo, foi ajudado a escapar, pelo muro de Berlim, que ainda não era tão eficiente.


Finalmente, antes de concluir seu relatório e se preparar para executar seu plano, nos menores detalhes, Karlen descreve a máquina voadora que havia concebido e discorre sobre as técnicas para utilizá-la e os recursos de navegação que ela dispunha. Apenas um resumo ficou gravado na memória de Carlos, enquanto lia atentamente cada frase. A localização no Brasil também foi bem explicada.


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A CAVERNA SECRETA



Muitas questões podiam tirar o sono de uma pessoa com uma visão mais profunda da história. Mas, para o jovem curioso, o mais interessante de todas aquelas notícias, trazidas do passado, era sobre a aeronave que Karlen havia construído secretamente, com a qual veio da Alemanha.


Isso era realmente o máximo para alguém entusiasmado, que só queria ter uma motocicleta, e que era invocado com discos voadores. Além do mais, agora poderia contar com uma boa quantia, que fora economizada, por anos, e deixada no banco pelo avô. Tudo ótimo, não fosse o sumiço de uma forma tão difícil de compreender, de alguém que se tornava cada vez mais importante na vida de Carlos.
 

Karlen também havia indicado o local onde a aeronave estava guardada, pronta para ser re-utilizada, com alguns preparativos básicos, e gasolina com óleo 2T, para encher os dois reservatórios. O local era uma fenda encoberta por árvores gigantes, onde só se poderia chegar escalando as escarpas do desfiladeiro Itaimbézinho, em um ponto balizado. Assim, ter-se-ia acesso à entrada de uma caverna, muito escura, em meio à Mata Nebular. Carlos estava ansioso para conhecer a máquina voadora do avô, e alguns dias depois não tem muita dificuldade para encontrar o local.


A vó Lorena dirige o Chevette azul, passando por Caxias e Bom Jesus, até Timbé do Sul, já em Santa Catarina. Carlos saltou antes de chegarem à cidade, desembarcando alguns equipamentos que tinha levado para fazer funcionar os motores parados a mais de nove anos. Despedindo-se, ela volta para casa, e ele ainda tem uma longa caminhada, com sua mochila de ferramentas. 


A recomendação de levar lanterna e novas baterias de motocicleta, permitiu-lhe, com grande emoção, examinar a nave e fazê-la funcionar. Tendo as condições iniciais verificadas, ele dá a partida. Depois de alguns testes, vai saindo devagar. Agora, pode ver toda caverna, parece uma catedral, iluminada por vitrais, com a luz azulada da nave. Dali a pouco, já está entre os galhos das Araucárias, de onde mergulha flutuando na imensidão do desfiladeiro. A luz forte do Sol desvanece a incandescência que emanava dos anéis girando a centenas de rotações por minuto.


Com o coração saltando do peito, Carlos sobrevoa o vale, em várias manobras, até considerar boa a ideia retornar à caverna, guardando tudo como antes. Ao voltar para casa, ele já começa a se preparar para a próxima ida ao Itaimbézinho. Uma das providências necessárias, é ter um local no galpão para receber a nave. Dois meses depois, Carlos retorna à caverna, de onde decola, de madrugada. Com o dia amanhecendo, chega em casa, o forro do galpão estava pronto para ser aberto e a nave entrar. Foi só esbarrar em uma haste mais alta, para a pranchada, abaixo do telhado, descer. Depois foi só puxar as cordas de volta, e ajustar os sacos de areia que servem de contrapeso.


Mesmo sem poder se exibir com sua máquina, Carlos se diverte em algumas peripécias, por perto da região onde vive, ficando habilidoso no seu manejo. A sua vida continua no ritmo de sempre, até que recebe pelo correio, uma carta postada em Munique. Estranhamente era do avô, assinada dois meses antes. Carlos havia esquecido a sua obsessão por abduções, afinal os discos voadores eram fabricados pelo ser humano, e há décadas.

domingo, 11 de outubro de 2015

KECKSBURG E O SINO



O objeto fora capturado em uma caverna na Europa, provavelmente montado pela resistência alemã para Foo fighter. E, foi tratado como material secreto, ficando à disposição da CIA, para estudos. Ele funcionou algumas vezes na Europa, antes de ser trazido para os Estados Unidos, em 1960, quando as tensões com a União soviética atingiam um elevado patamar. Em um dos testes, em 1965, o navegador automático entrou em colapso e a nave voou descontrolada até acabar sua bateria, pousando em Kecksburg. A desmontagem completa só ocorreu em 1975, sob rigorosa segurança, quando os discos perderam a capacidade de levitação. Não foi possível recuperá-lo e estabelecer como funcionava. O mercúrio, pesando13 Ton, 1 m³, foi retirado dos discos internos, sendo que antes a nave inteira pesava pouco mais de uma tonelada.


1965, Kecksburg – Uma bola de fogo foi vista no céu em várias cidades dos EUA e Canadá. As testemunhas da pequena cidade da Pensilvânia dizem que viram um objeto que se parecia com o “Sino”, protótipo alemão de 1937, transportado por um caminhão do exército. O fato é que, inúmeros cientistas alemães que foram trazidos para os EUA pela Operação Papperclip, sabiam sobre o objeto e trabalhavam para a NASA, nessa época.

sábado, 10 de outubro de 2015

UMA CARTA DE LONGE - 1



Com a letra tremida, Karlen afirma que jamais esperava ser levado a um disco voador, quando foi capturado por desconhecidos. Dentro da nave, duas criaturas extraterrestres eram o piloto e o copiloto, que se mantiveram em silêncio durante toda a viagem. Mas, ele pôde conversar com os dois humanos que o escoltaram a um camarote especial, onde ficou detido. A visão dos seres o atormentava, mas os dois jovens o mantiveram distraído e calmo. Eles tinham pouco mais de vinte anos, em 1984, e se consideravam alemães, embora ambos tivessem nascido na base secreta, localizada nos Andes. Ninguém podia imaginar como aquilo atingia Karlen. Ele temia russos ou israelenses, mas foi caçado por seu próprio povo. Além do mais, ele nunca acreditou em discos voadores extraterrestres, muito menos em alienígenas. Só poderia ser um pesadelo! Mas, ele teve muito tempo para verificar que era a pura realidade. E, lá escoariam seu tempo, sua saúde, a alegria de ter uma família, além dos seus preciosos projetos.

A base atual, nos Andes, já era o segundo lugar onde viviam, aliens e humanos híbridos, cujos antepassados, um ano antes do fim da II GM, deixaram a Europa em submarinos e foram para a Antártica. Lá, havia a base 211, construída por várias levas de trabalhadores, desde que foi demarcada, em 1939. De 1944 em diante, eles se valeram de carregamentos de alguns navios afundados, reunidos nas ilhas Principe Eduardo, da África do Sul, para sobreviver nos primeiros anos. Mas, foram atacados pelos americanos em duas oportunidades. Na primeira, rechaçaram os atacantes. Em 1947, uma força tarefa de vários países avançaram pela Antártica em busca de remanescentes nazistas. Era a Operação Hightjump, comandada pelo almirante Byrd.




 Mas, na segunda, foram atingidos por um artefato nuclear, o incidente “Vela”, e foram expulsos de lá. Os sobreviventes, com o material salvado, tiveram que se mudar para o novo local que vinha sendo preparado desde o final da guerra. Alguns anos depois, graças ao projeto Huemul da Argentina, eles puderam construir a sua usina de fusão nuclear, da qual tiraram a energia necessária para a produção das naves mais modernas, e para uma grande prosperidade, com boas perspectivas para os planos de expansão demográfica e territorial.

O avô sobrevivera por cinco anos em uma prisão sem janelas nem muros, nunca mais viu a luz do Sol. Essas condições desumanas haviam prejudicado sua saúde, já enfraquecida pela idade octogenária, mas ele cavou a chance de tentar aquela correspondência, driblando a rigorosa segurança dos seus algozes. Duas revelações dramáticas motivaram-no: ele fora abduzido por áliens, com disco voador, e; mesmo sem esperança de se reverem, poderiam salvar o mundo!


O motivo de sua abdução, era ele colaborar com um programa de aumento da frota de discos voadores. Ele teve acesso aos números da base e às suas potencialidades, o que significa que nunca seria libertado. O general Kammler, que Karlen conheceu durante a 2ª guerra mundial, foi quem determinou a sua detenção, e ainda fez questão de usar o elevador da nave, para ir encontrar o conterrâneo no camarote, e recebê-lo com cerimônia, antes que desembarcassem.


Com 83 anos, o general era um velho horroroso, muito pálido e de movimentos lentos. Nada mais lembrava o oficial enérgico, responsável por Peenemünde. Aliás, não durou muito, poucos meses depois ficou acamado e veio a falecer. O general explicou que todo o mercúrio levitador produzido, com a máquina que Karlen construiu, para as experiências com o Sino, foi retirado da Alemanha, a salvo da ocupação aliada. Porém, a máquina foi destruída pelos bombardeios.


A missão de Karlen na base era reconstruir a máquina de saturação de mercúrio e reprocessar o xerum das naves avariadas. Ele foi localizado no Brasil, depois de ter sido reconhecido pelo serviço secreto israelense. Karlen não interessava aos judeus, mas um híbrido teve acesso às fotos de identificação, e ele foi associado pelo general Kammler à origem do material e a teoria que possibilitou a construção do Sino, em 1937.


O precioso metal líquido e o necessário material radiotivo, todo xerum que conseguiram juntar nas oficinas do complexo Gigante, nos subterrâneos da Silésia, foi embarcado no submarino U-859, com destino ao Japão. Nas ilhas Prince Eduard, da África do Sul, foram desembarcadas 29 ton daquele mercúrio, que estava preparado para os levitadores. Só as 12 ton restantes seguiram destino aos japoneses, mas nunca chegaram. Para a mesma ilha, também, foram desviadas as 1.500 ton de prata, que seriam embarcadas no navio John Barry, que dias depois foi afundado pelo U-859, o qual também naufragou, perseguido pelos ingleses. Esse material nobre serviria para construir os 20 pequenos Vril e 8 grandes Haunebu. Embora, atualmente algumas destas naves já estivessem inoperantes, precisando substituir o mercúrio, dos seus anéis levitadores.


Kammler e seus subordinados não sabiam que Karlen, também havia chegado ao Viktalen, um tecido que era eficiente para absorver as ondas de radar e a radioatividade do xerum. As naves deles, mais pesadas, usavam uma liga de metal leve, o “Leischmetall”, bastante eficiente para estrutura de vôo, mas de pequena capacidade de absorver ondas de radar e radiações. Karlen, por outro lado, nunca pode chegar à turbina centrífuga repulsin. Ele não dispunha de propulsão horizontal, nem radar ativo de busca, muito menos armamentos.


A tinta anti-reflexo de Lenk foi muito útil para desvendar os segredos da antigravidade, mas ela não era eficiente para absorver as ondas de radar, nem para reter a matéria escura. A malha de xerum polarizado, de Karlen, obtida por rotação eletromagnética era melhor. Ela permitia a retenção da matéria escura, de modo a manter a saturação de etéreo por séculos. A radiação produzida pela força centrífuga, que podia escapar, resumia-se praticamente à luminosa.


A tinta de Lenk não impedia que partículas radiotivas emanassem do xerum, degradando-o a outro elemento químico, como o Uup 115 e fazendo dimunir a saturação de etéreo, ainda mais no caso do mercúrio, mais poderoso que a água. Por isso muitas naves alienígenas causaram queimaduras e mortes, pelos efeitos radiotivos, e haviam perdido a capacidade de levitar.





Uma outra versão deste blog pode ser encontrada em:


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sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A NOVA SUÁBIA



A base atual, nos Andes, já era o segundo lugar onde viviam, áliens e humanos híbridos, cujos antepassados, um ano antes do fim da II GM, deixaram a Europa em submarinos e foram para a Antártica. Lá, havia a base 211, construída por várias levas de trabalhadores, desde que foi demarcada, em 1939. O nome oficial era Neu Schawabenland, a Nova Suábia.