quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O DISSIDENTE - 1



 Erik Triga nasceu em Nuremberg, 1932, e, desde então, viveria um conflito muito incomum. Ele aparece no colo de sua mãe, nas cenas colhidas nas ruas de sua cidade natal, durante os eventos do primeiro encontro do Partido Social Nacionalista, celebrizadas no filme "O triunfo da Vontade".

Naquela época, a Alemanha se reerguia depois de quase 15 anos amargando a derrota da 1ª Guerra Mundial. E, seu povo já passava momentos difíceis, mesmo antes do Armistício, quando começaram a vigorar, pelo Tratado de Versalhes, as sanções impostas pelos vitoriosos.


Empobrecidas pelo esforço de guerra, e sofrendo durante 5 anos com as baixas, que levavam entes queridos, em quantidade, as famílias não tiveram um grande alívio com fim das hostilidades nas frentes de combate. A paz lhes trouxe ainda as agruras da Gripe Espanhola, em 1919; a Crise Financeira, em 1929; e uma enorme dívida para reparação dos prejuízos decorrentes da guerra. Só com a ascensão de Hitler, puderam novamente ter esperanças e construir o que acreditavam ser um sonho magnífico.



Aparentemente, o III Reich começava muito bem e Erik seria um dos futuros herdeiros da sua glória. Ele era um menino engajado, que se sentia responsável pela Pátria e, com 9 anos, já pertencia, com orgulho, à juventude hitlerista. Tudo seria muito bom se o seu país não estivesse em guerra de novo.

Um dos objetivos do Führer, a anexação dos territórios onde viviam comunidades que falavam alemão, por certo se estenderia até a Prússia. Inevitavelmente, isso obrigaria a Wehrmacht a passar por cima da Polônia, cujas forças armadas e o povo lutariam bravamente para preservar sua soberania, conquistada em 1918, depois de um século de anexação a  tres países que existiam antes da I GM. O pior era que, a Polônia agora tinha uma aliança com a Inglaterra e a França. Isso envolveria a Alemanha em outra confrontação com estas duas super potências. Era o início da segunda guerra mundial.


O pai de Erik que foi um empreendedor de sucesso, produzindo dispositivos eletromagnéticos, nos anos 20, enveredou para a política e se tornou um alto funcionário na Bavária. Com 45 anos de idade, ainda era vibrante e realizador, embora nunca tivesse se interessado pela carreira militar, diferente dos filhos que sonhavam com feitos heroicos e galardões nas fardas elegantes da Wehrmacht. Em 1944, as coisas já não estavam nada bem para o Reich, com os americanos invadindo pela Itália e França, no Leste, e o exército vermelho empurrando de volta o alemães, pelo Oeste. Com 12 anos, Erik tem um irmão mais velho, Gustaf, de 23, recém incluído como piloto na Luftwaffe, pronto para seguir destino à frente russa.

Antes de se despedir, Gustaf quis mostrar algo especial a Erik. Eles foram de carro até uma base de treinamento, e o caçula estava eufórico imaginando que  veria de perto alguma nova aeronave de combate. Autorizado pelo guarda que o reconheceu, Gustaf dirigiu pelo bosque até chegar a um galpão meio enterrado. "Não era uma hangar típico!" Pensou, Erik, que já era um bom conhecedor de diversos modelos e suas instalações. Eles desceram uma escadaria, seguida de um pequeno túnel, antes da porta de ferro, que não estava fechada. E, se depararam, no centro do galpão, com um grande objeto circular construído de metal, suspenso sobre 3 rodas, a 2 metros do solo. Tudo indicava que se tratava de uma aeronave, mas muito diferente de qualquer outra que Erik já conhecesse, mesmo por ilustrações. O galpão não tinha janelas e o controle das luzes era rigoroso, de maneira a evitar os riscos de ser visto por bombardeiros aéreos que castigavam a Alemanha.



Ao redor dele, alguns técnicos trabalhavam no turno da noite. Todos já haviam se acostumado a ver Gustaf, por ali. Ele era muito bem conceituado, ainda mais sendo o namorado da filha de Traute. A famosa médium, integrante da sociedade Vril, gostava muito do futuro genro, e o trouxe ao galpão várias vezes, onde ele conheceu a máquina voadora discóide. Cada uma que era construída pela Arado, vinha para aquele local, onde apenas alguns pilotos que foram secretamente designados podiam conhecê-la e testá-la. Gustaf foi o mais jovem a participar das instruções e provas de voo, mas ele precisava de experiência de combate, em algumas missões convencionais, no Front. Gustaf sentia-se desafiado a enfrentar os russos, mas deveria retornar antes do final do ano, para uma experiência sem precedentes que a Thule e a Vril se preparavam para realizar, sob os auspícios de Herr Himmler e a sua Schwarze Sonne.




"Como isto pode voar? Não tem asas, nem lemes, nem hélices!" Erik reclama surpreso! Mas, Gustaf está orgulhoso e confiante: "Assim que estiverem prontas, estas naves vão nos conduzir à vitória! Venha comigo, e veja com seus próprios olhos."Tinha um diâmetro de 16 metros e uma altura de 7, o formato de uma bacia virada, com um cilindro encravado, do qual só se viam as partes de cima e de baixo, externamente. A fuselagem não era pintada, e tudo brilhava como prata. Acionando uma chave embutida, Gustaf abriu uma tampa, de onde uma escada desceu, suavemente. Adiante, estava o porão com 2 motores que queimavam álcool, e no alto, a sala de comando. Não havia um grande espaço disponível, devia transportar umas 2 ou 3 pessoas. "Mas, afinal, o que é isto?" Pensou, Erik, em voz alta. Gustaf subiu a escada e chamou Erik. "Venha aqui, vou lhe mostrar como funciona!"


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Qualquer pessoa pode fazer comentários!