domingo, 6 de setembro de 2015

O DISSIDENTE - 5



A chegada à Nova Suábia se desenvolveu por vagas, as equipes precursoras dos submarinos foram as primeiras. O aproveitamento da fonte termal encontrada em 1939 seria vital para a sobrevivência dos humanos e dos seus áliens. A circulação da água quente pelas paredes de concreto mantinham o ambiente a uma temperatura constante de 15° C. A possibilidade de se obter água fervendo em profundidades maiores permitia a manutenção da higiene e a confecção de alimentos, indispensável aos grupos, mas inviável se dependesse de combustível. A existência de solo adequado para pequenas plantações, sob estufas, era mais outra carta na manga que tinham a seu favor.

As festas do final do ano de 1944 transcorreram com simplicidade e pouco entusiasmo. As notícias sobre a Europa não animavam, e as famílias deixadas lá receberam os mais eloquentes votos de boa sorte para 1945. Dentre os que ficaram havia gente importante que não pode embarcar, e agora fazia falta na organização e construção da Nova Suábia. Na verdade, todos ali viviam com grande precariedade de meios. E, o idealismo que existia no passado congelou juntos com seus corações, amargurados por mais uma derrota da Pátria, a cada dia mais certa, e frustrados pela renúncia a tudo de belo e saudável de uma vida normal, que foram obrigados a aceitar, por um sonho, agora já sem sentido.


Muitos queriam voltar, acreditavam que deviam utilizar as máquinas que tinham e dedicar suas vidas para salvar o Reich. Erik era um desses. A mais alta autoridade presente, o general Kammler, porém, garantia que esse seria um desperdício completamente inútil. A única chance, a última possibilidade, da Germânia vir a existir seria através deles, do sucesso deles. Nem foi necessário muito debate a respeito, em Abril já não havia mais esperança, e em Maio veio a notícia da Capitulação da Alemanha. Pelo menos a guerra tinha acabado, não haveria reforços para a Nova Suábia, não haveria retorno para buscar familiares, nunca mais eles se veriam, mas a gerra acabou, talvez os deixassem em paz naquele lugar inóspito. Quando o Japão se rendeu, em Agosto, todos sentiram um grande alívio, e a esperança voltou a lhes dar forças para continuar.


O ano de 1946 foi bastante produtivo e as condições de vida nos subterrâneos da Antártica começavam a ser até agradáveis. E, 1947 prometia muito. Mas, a presença de navios de guerra foi observada com desconfiança pelas sentinelas avançadas. Logo se constatou que era uma esquadra americana, e não parecia que eles estavam fazendo apenas um exercício. Todas as normas de segurança da Base 211 foram colocadas em prática, e os alemães esperavam que ela não fosse encontrada. Mas, foi inevitável o contato com o inimigo na linha de defesa na periferia da área vital, os abrigos foram descobertos e atacados.


O tiroteio e as explosões ecoavam naquela imensidão de branco, relembrando os últimos anos na Europa. Os americanos sabiam muito bem o que estavam fazendo, de alguma maneira eles foram informados sobre a existência da base alemã. Nessa nova guerra, as naves tiveram que lutar, com munição escassa, mas com a possibilidade de surpreeender o inimigo pelas manobras incomuns.


Infelizmente, o submarino Rezessiv não pode ser empregado, pois ficou preso em bancos de gelo, próximos da entrada da base. O desfecho ficou inconclusivo quando a esquadra se retirou, provavelmente por lhe faltar algum item necessário a sua permanência.


Com 15 anos, Erik recebeu uma metralhadora MG-42 e um posto de guarda para vigiar e impedir que fosse ultrapassado pelo inimigo. Para sua sorte, os americanos não usaram aquela via de acesso. Todos os postos que eles identificaram foram destruídos e seus ocupantes mortos. Algumas naves foram atingidas e acabaram caindo. Só uma delas foi encontrada pelos alemães e recuperada, as outras podem ter sido destruídas totalmente ou talvez apreendidas pelos americanos. Não houve notícias a respeito no rádio. E, de repente as forças inimigas começaram a ser menos vistas, até desaparecerem por completo. A expectativa de uma nova ofensiva dos americanos permaneceu viva por meses. Só com os anos passando, ela foi sendo esquecida e todos puderam relaxar um pouco.


Naquele ano de 1947, os áliens foram considerados emancipados e passaram a participar efetivamente de todas as atividades na base, inclusive a condução da s naves haunebus. Curiosos para conhecerem mais o inimigo que os atacava, dois deles até se aventuraram, em uma viagem só de ida aos Estados Unidos. Nunca se soube porque a nave caiu e o que aconteceu com os corpos. As notícias e os desmentidos chegaram ao conhecimento dos humanos e dos áliens, nas duas bases. Todos sabiam que houve um acidente fatal, que foi encoberto pelo governo americano.


Provavelmente os destroços e os corpos dos áliens foram escondidos da opinião pública para serem estudados sem interferência da mídia ou de interesses estrangeiros. É possível também que outros corpos e mais material tenham sido levados pela esquadra do almirante Byrd, retornando da guerra que não foi divulgada ao mundo, na Antártica.



Em 1951, a base dos andes estava pronta, inclusive com o reator nuclear funcionando, graças ao projeto Huemul. Um grupo especial foi designado para fazer a ocupação inicial e o levantamento de recursos para a fabricação das naves mais modernas com as turbinas Repulsine. Só em 1955, com a colaboração dos áliens é que foi possível concluir o projeto que vinha sendo viabilizado desde 1940. A partir destes lotes, também, se tornava impossível para os humanos, conduzir estas naves, sem um álien ao lado. O seu comando e controle dependia da telepatia para funcionar bem.


Alguns áliens também se destacaram na liderança das comunidades das duas bases. Rieschtell, da primeira geração, passou a ser chamado de Führer depois que foi condecorado por bravura na defesa da base 211, na Antártica, em 1947. E, Wacholz, da segunda geração, recebeu o título de general, por ter comandado a transferência emergencial para a base dos Andes, quando houve um novo ataque dos americanos à base 211, em 1979. No qual, o almirante Byrd obteve autorização de Washington para a detonação de uma bomba nuclear, obrigando os alemães sobreviventes a se retirarem da Antártica às pressas, o que foi feito entretanto em ordem e levando todo o material disponível.

Wacholz, depois disso, ficou obcecado pelo domínio do planeta. E, em 1984, o seu plano foi iniciado.


Um detalhe que devia ser providenciado era a produção de mercúrio saturado de étereo. Kammler era a pessoa indicada para essa missão. As naves antigas estavam perdendo a capacidade de flutuação, e as novas necessitavam desse ingrediente extraordinário. Ainda havia xerum em estoque mas ninguém sabia como saturar o mercúrio, nem como isolá-lo efetivamente, para aplicá-lo nas naves.


Kammler conhecia as fases do projeto haunebu desde o Glocke, em 1937. E, ele acreditava que fosse Lenk, o especialista que desenvolvia a tinta anti-reflexo de radar, com xerum, o responsável pela descoberta da técnica de saturação de étereo. Como Lenk foi morto no primeiro acidente com o Glocke, levando para o túmulo o seu conhecimento, não seria mais possível a construção da máquina de saturar, que lamentavelmente havia sido destruída por um bombardeio, em 1944.


Mas, antes de partir da Alemanha, ele pode se despedir pessoalmente de Himmler. Na oportunidade, Kammler lamentou não ter o projeto da máquina de saturar, e ficou surpreso quando soube que o responsável pela tecnologia do levitador não era Lenk, e sim Karlen, o encarregado dos Foofighter.

Kammler lembrava dele, mas não havia mais como localizá-lo devido ao caos no início de 1945.

Em 1984, Kammler soube por um híbrido infiltrado na Mossad que os israelenses estavam seguindo um alemão refugiado no Sul do Brasil. O seu nome era Arno Lichtener, mas Kammler o reconheceu como Karlen Lichtener, o encarregado dos Foofighter, que tinha a tecnologia do levitador. E, todos sabiam que os judeus procuravam mesmo era Hans Kammler, Karlen seria apenas uma pista para localizá-lo. Por isso, foi urgente montar uma emboscada para capturar Karlen e trazê-lo à base dos Andes, antes que ele desaparecesse novamente.




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