quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O DISSIDENTE - 2




No primeiro andar, era a sala de máquinas; e, no segundo, que estava vazio, havia janelas redondas, utilizáveis por quem estivesse em pé. Meio metro acima, ocupando a metade desse espaço, estavam as poltronas do piloto e do copiloto. Inúmeros instrumentos, alavancas, e chaves, confirmavam as expectativas para uma aeronave, mas o mistério do seu funcionamento ainda persistia. Gustaf tenta esclarecer. "Estes motores giram, a milhares de rotações por minuto, dois anéis, ao redor desta cabina, ocupando quase todo o espaço circular da aeronave, que não é um avião pois voa sem a necessidade da sustentação propiciada por asas." Erik está intrigado, e especula. "Sem elevação aerodinâmica, só é possível flutuar com empuxo aerostático. Então, isto é um balão?" Gustaf reconhece que é difícil de se aceitar inicialmente.


"Não. Os anéis contém uma substância, com capacidade antigravitacional, que submetida à alta força centrífuga provoca a levitação da aeronave. Os primeiros modelos de naves circulares eram chamados de RFZ-Vril, mas estas começam a nova série Haunebu-Vril."


Erik está inconformado. "Que substância é essa? Como é produzida? E, mesmo levitando, como essa máquina pode voar com alguma direção e velocidade?" Gustaf convida o irmão a olhar por uma das janelinhas que lembram escotilhas de navios. "Olhe deste lado, você verá na dianteira da nave uma pequena abertura na fuselagem, é uma entrada de ar. No outro lado é semelhante. E, na traseira, nos dois lados também estão as saídas de gases da combustão de álcool, em alta velocidade. São turbinas, as mesmas das bombas V-1, que propulsionam a nave, permitindo que se desloque até 1 mil Km/h." Erik examina o cockpit, e tudo mais no interior e depois desce para observar de perto as turbinas, os trem de pouso, os detalhes externos. Com a madrugada avançando, eles voltam para casa.




Erik estava impressionado e confuso, havia muito no que pensar, passou a noite em claro. Uma grande ansiedade o dominava, quando o Sol clareou o horizonte, ele não ia mais dormir mesmo, e levantou. Gustaf já estava fardado, com malas prontas na porta de casa. O trem sairia em uma hora, as despedidas foram na estação em um clima de resignação. A família nunca mais veria Gustaf, o pai e a mãe ficaram arrasados quando receberam a notícia do seu desaparecimento próximo de Minsk, na Bielorrússia, com um moderno caça Focke-Wulf. A futura sogra, Sra Traute Sigrune, ficou ainda mais inconsolável, devido ao sofrimento silencioso da filha. O jovem casal, de legítimos arianos, se casaria em dezembro, quando Gustaf retornasse experiente em combates, e cheio de glória.

Erik estava anestesiado, e só pensava em se apresentar como voluntário na defesa civil. Mas, o pai lhe dizia para não se apressar, pois em breve os bombardeios americanos cessariam, e eles seriam convocados para lutar contra os russos. O jovem relutava em aguardar pacientemente enquanto ao seu redor o mundo desmoronava, até que um dia o pai lhe chamou para uma conversa séria. "Erik, a Sra Traute me procurou e me fez um pedido muito especial. Ela quer que você a acompanhe em uma missão de maior relevância. Gustaf ia casar com a filha dela, e ele seguiria com elas, e muitas outras pessoas, para a Nova Suábia. A perda dele é, por certo, irreparável, mas as características de vocês são comparáveis, por isso sua presença é importante para os planos das sociedades secretas Vril e Thule, que construíram a aeronave que você conheceu. Eu e sua mãe queremos que você vá com elas antes, e depois venha nos buscar."




Erik sabe que seus pais estão correndo riscos ficando na Alemanha, quando o Reich parece cada vez mais ameaçado. Mas, tentar sair, passando pelos inimigos também seria perigoso. Era assustador partir sozinho, ainda sem saber aonde ia, nem o que faria lá, mas se era necessário ele está pronto. Na noite de 23 de setembro de 44, mais uma despedida dolorosa! O pai não pode entrar na base, e retorna do portão. Ao se aproximar do galpão, encontra pessoas ansiosas, os preparativos são extenuantes e muitos problemas decorrem das mais simples distrações, todos estão nervosos. Uma bateria antiaérea foi deslocada para a localidade e estava de prontidão. No bosque, podiam ser vistas esferas metálicas de um metro de diâmetro.

Eram Feuerkugel ou Foo fighter, também prontos para serem lançados se aviões inimigos fossem detectados. Duas precauções débeis, diante de um bombardeio de grande altitude, mas necessárias.


Traute o chamou, assim que o viu chegar. "Erik, venha cá, meu filho, não tenha medo! Eu sei que você é muito corajoso." Ela estava muito apreensiva. Laura, sua filha, vinha com o que parecia ser uma criança de uns 8 ou 9 anos. Apesar do frio, a criaturinha tinha só uma camisola com capuz por cima da pele muito clara, pouco visível. Quando pode ver seu rosto, Erik ficou chocado. "O que poderia ser aquilo?" Pensou, balbuciando. E, em sua mente parecia surgir uma resposta. "Meu nome é Abloeschiest. E, o seu?" Perplexo, Erik pensa. "Que? Meu nome? É Erik!" E, o seu pensamento volta a surpreendê-lo. "Olá, Erik. É bom conhecê-lo!" Desse ponto em diante, começa uma conversa normal para dois adolescentes, isso em total silêncio. A criatura era assustadora mas muito comunicativa.


Erik ficou sabendo que muitas outras naves como aquela iriam decolar de vários locais da Alemanha, em uma sequência cronologia, e percorreriam rotas diferentes. O motivo era driblar os radares da Inglaterra e diminuir a chance de se encontrarem acidentalmente com outras aeronaves, inimigas ou amigas. Nem mesmo o alto comando do Reich sabia desta operação. O general Haushoffer, se reportava apenas a Himmler. Com exceção de Lothar Waiz, um herói da I GM e responsável técnico, que seria o piloto daquela nave, e de Traute com Maria Orsic, que eram as médiuns principais da Vril, ninguém com mais de 30 anos seguiria nesta primeira onda.


A nave recebera mais 4 poltronas na sala de comando, acomodando 6 pessoas no total. Para surpresa de Erik, a "criança" viajaria como copiloto. No porão, acumulava-se bagagem e suprimentos extras para uma longa expedição. Enquanto os passageiros ainda estavam se instalando, os telhados iam sendo removidos pelo pessoal de manutenção. Em determinado momento, Erik observa que as esferas metálicas que estavam no bosque começam a brilhar com uma luz colorida mudando do azul para o violeta, e finalmente vermelho. Então, elas se ergueram na vertical, a grande velocidade, para o céu escuro, e foram diminuindo até parecerem estrelas. Eram umas 10, e sumiram completamente!


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